Sócio da Deloitte, empresa de auditoria que atuou na recuperação judicial da Varig, Luis Vasco Elias afirmou que não foram contratados para traçar um plano de recuperação judicial para a Companhia. Segundo a empresa, sua função era monitorar os acordos entre os credores e devedores, sem intervir nas decisões, além de acompanhar se os termos estipulados no plano estavam sendo cumpridos. A explicação foi dada durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que investiga os desdobramentos da recuperação judicial e da falência da Varig, nesta terça-feira (04/12).
Contratada em 2005, a Deloitte administrou a recuperação judicial da Varig até 2009 – um ano antes de ter sido decretada a falência da empresa. Para o presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT), a ausência da Deloitte nos processos decisivos durante a recuperação judicial contribuiu para o fim da companhia aérea. “A comissão está cada vez mais convencida de que o objetivo não era recuperar, e sim atender outros interesses que não os da companhia. A Deloitte esteve envolvida nesse plano, foi um ator necessário para causar esse prejuízo”, afirmou Paulo Ramos.
Aumento da dívida
O presidente da comissão também questionou os sócios quanto ao valor da dívida da Varig antes da falência. Segundo Paulo Ramos, o déficit aumentou durante a recuperação judicial. Em resposta, Elias alegou que a empresa tinha muitos custos fixos e quase nenhum recurso em caixa. “A esperança era de que algum investidor assumisse a companhia, mas isso não aconteceu e não entrava dinheiro na empresa”, frisou.
Porém, Paulo Ramos lembrou que durante a administração da Delloitte, a principal unidade produtiva da Varig foi vendida por R$ 24 milhões. “Pouco tempo depois a mesma unidade foi revendida para a Gol pelo valor de R$ 320 milhões. Isso prova que não havia interesse da Deloitte em tentar recuperar a empresa. Eles assistiram a venda da maior fonte de recursos da companhia por um valor irrisório e não se manifestaram”, concluiu o deputado. Paulo Ramos informou que as declarações feitas na reunião serão incluídas no relatório final da CPI, que deve ser apresentado até o dia 18 de dezembro no plenário.
Fonte: Site da Alerj